quarta-feira, 16 de abril de 2008

Thais Simões

Despertar, o recobrar da consciência.
Faço menção de levantar mas o corpo não obedece.
A mente ainda desbaratada ordena; numa bradicinesia de balé clássico ergo o tronco ainda nu.
Espreguiço ignorando o dorso dolorido. Na vida há de sentir dor.
No chão as vestes espalhadas acordam minha memória; lembram-me obras de arte moderna. Relaxo a face e rio. Quantos museus não visitei?
Acho que a dor esmaece quando relaxo.
Procuro uma camiseta limpa enquanto aglomero minha obra de arte no canto do quarto.
Plasticidade de uma artista, a habilidade de transformar. Escassa no meu caso, ainda morro de fome. Morrer magra também seria engraçado. Já dizia um grande amigo: “ Die young and leave a nice body.”
Na ocasião fui obrigada a estender meu gole de whisky barato,
, acender um cigarrinho e refutar: “I should´ve die long time ago then. “ E gargalhamos afogados no álcool.
Dirijo-me automaticamente para a cozinha, passos contados nas mãos. Sempre gostei de lugares pequenos, fazem jus ao meu complexo de inferioridade.
O pão de ontem adicionado a fatia de queijo esquecida e o café amargo saúdam minha manhã de domingo. Abro a porta, ela range mal humorada.
Não gosta de ser incomodada logo cedo, aprendeu com a dona.

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